terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Remexo escombros, percorro as ruínas de mim, apreciando a desolada paisagem. Volto atrás - não à lágrima, mas ao sal que dela restou, construtor dos meus alicerces. Sim, sou uma estátua de sal, erguida por marés de enormes gotas de dor. Oh, água do desespero, o que restou de ti? Onde me trouxeste? Sei-o, sei-o hoje, agora que já há muito te evaporaste como um qualquer líquido. Soubesse-o outrora e quiçá nunca terias acampado em meus tristes olhos ou rolado sobre a pele deste rosto que por ti clamava, que de ti esperava tanto mais que um explodir de sofrimento. Tanto mais... que somente o teu sal, destroço de um fulgor, minério que pavimenta as estradas da minha face, caminhos supremos em que deambulei até aqui (perdida, pensava, mas sei hoje que nunca me deixaste à deriva).
Parei agora - a estrada terminou. Preciso de um percurso que me guie no escuro e não aprendi a construí-lo sem a tua ajuda, pois sempre me acompanhaste. Onde estás? Clamo, clamo por ti.