Ode à lágrima

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Quero uma razão. Não! Quero A razão que me prenderá muito antes de eu a agarrar e me amarrar com ela ao mundo. Peno pela salvadora semente que germine em mim a mais bela das fantasias terrenas. Colho da alma destroços passados, presentes ainda num qualquer murmúrio que me assombre com recordações das longas e sofridas batalhas já findas.

Remexo escombros, percorro as ruínas de mim, apreciando a desolada paisagem. Volto atrás - não à lágrima, mas ao sal que dela restou, construtor dos meus alicerces. Sim, sou uma estátua de sal, erguida por marés de enormes gotas de dor. Oh, água do desespero, o que restou de ti? Onde me trouxeste? Sei-o, sei-o hoje, agora que já há muito te evaporaste como um qualquer líquido. Soubesse-o outrora e quiçá nunca terias acampado em meus tristes olhos ou rolado sobre a pele deste rosto que por ti clamava, que de ti esperava tanto mais que um explodir de sofrimento. Tanto mais... que somente o teu sal, destroço de um fulgor, minério que pavimenta as estradas da minha face, caminhos supremos em que deambulei até aqui (perdida, pensava, mas sei hoje que nunca me deixaste à deriva).

Parei agora - a estrada terminou. Preciso de um percurso que me guie no escuro e não aprendi a construí-lo sem a tua ajuda, pois sempre me acompanhaste. Onde estás? Clamo, clamo por ti.

Flower & Butterfly

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A piece of the past

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Vou contar-vos uma história. Não é nenhum conto de fadas. Há muitas, muitas lágrimas por trás...
Em tempos conheci uma criança que se odiava. Uma rapariga que todas as noites rezava a Deus para que a transformasse noutra pessoa. A frustração de não ser nada do que se esperava dela despedaçava-a, por dentro...por fora... De dentro para fora e de fora para dentro. Essa miúda não conseguia absorver do mundo razões para lutar por si, razões para querer viver e ao mundo exterior apenas mostrava raiva, uma transfiguração de si. As lágrimas, os sonhos e medos, a necessidade de amor... tudo estava guardado num cantinho intocável. Não era feliz. Mas a vida foi-lhe dando pequenas coisas às quais se agarrar e uma a uma, todas foram agarradas com unhas e dentes. Com esse ponto de partida, ganhou a vontade de ser alguém na sua própria pele. Foi vencendo batalhas em que o adversário era ela mesma, foi-se ganhando a si, conquistando o seu espaço no seu próprio coração. Hoje, mais crescida, já não deseja ser ninguém senão ela mesma e agradece o facto de ser tão imperfeita pois caso contrário, sem nada para melhorar, não teria por que lutar. E lutar é viver. A partir de si, conseguiu abrir os olhos para as maravilhas do mundo e amá-lo, cada partícula, cada gotinha de água, cada grão de areia. Tudo é vida. Ela é vida: EU sou vida. Somos todos vida, aprendamos a amar-nos, amar a vida, amar tudo o que é vida...tudo!
Já não quero ser mais ninguém. Já não preciso de mais nada. Tenho-me a mim, tenho a vida...tenho o MUNDO!

[26-03-06]

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Hoje perdi.


Não sei se algo que eu possa vir a reconhecer como tendo sido meu, mas perdi. Talvez nada que alguma vez tenha tomado consciência de que existisse, de tão insignificante para o decorrer da minha vida. Perdi. Perdi incontáveis fôlegos e suspiros, palavras ditas ou por dizer, o culminar do dia, o nascer da penumbra que me envolve. Não me pertencem, dirias tu. E respondo - serão de mais alguém, se para mim sou eu que os sinto e mais ninguém os poderia ter dito, ouvido, presenciado (ou o que quer que seja) senão eu? Conta-me cada olhar, cada inspiração - não mos podes devolver. Conta-me. Conta-me que hoje o Sol foi engolido pelo estuário como fusão erótica de corpos separados por biliões de quilómetros. Não me devolves esse momento nem tantos outros milagres do mundo que me escaparam hoje, ontem, desde o meu primeiro acordar, ou antes dele até!

Nós, Homens, julgamos conhecer tudo de tal forma que esquecemos o que perdemos a cada instante. O aqui e agora são microscópica parte incompletíssima do que denominamos mundo, cosmos, universo... Tantos são os conceitos que definimos e arrumamos arrogantemente a um canto de nós como se realmente os soubessemos, quando na verdade a verdade cinge-se ao que pensamos não ter perdido, que porém jamais voltará.

Porque a batida que o meu coração acabou de dar não será dada novamente... Se a perdeste, não a definas como se a soubesses.

Sorriso

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008


Diz-me o que te desencadeou
Mostra-me o que escondes
As lágrimas contidas
Ou as que não queres revelar.
Não, não, não quero saber nada!
Existe, apenas existe
Deixa que o teu brilho me inunde
E me aqueça o coração.
Só isso.
Por favor...

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Porque...

...Um dia acordei e ousei sonhar, ousei voar.
...Um dia voei sem receio de cair, sem receio de sentir.
...Um dia senti mais que amor, mais que dor.
...Um dia me doeste, me esqueceste.
...Um dia esqueci como se voa, esqueci o som que de um riso ecoa.


...Hoje adormeço, cansada de sonhar.

 
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