Sentindo sem sentido III

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um dia de vozes a soar dentro. Onde, não sei, mas o facto do timbre que me chega não ser o meu dá-me asas para pensar, veículos que me transportam para dimensões além das minhas quatro paredes. Um tecto e um pequeno chão - ascendo ao primeiro não aspirando por um momento saltar, soltar-me e perder-me nele. O chão é pequeno por demais. Um salto para o vazio far-me-á falhar, falhar no que tenho seguro. Sem isso, sem local para me assentar, cairei. Cairei. Cairei sem rumo. E a falta de rumo apodera-se de mim. Corpo e alma. Alma. Alma sem nexo, sem espaço para saltar. Perdida num ponto seguro. Para onde me viro? Não posso mover-me, não dá para respirar. O porto seguro de mim é demasiado ténue para que dê ao risco de pisar seu limite...



(vejo hoje a repetição com os olhos da razão. No entanto, algo houve que me tenha feito gritar duas vezes o mesmo. E sei que o gritaria repetido até ao infinito. No fundo, a repetição é o elemento mais importante deste conjunto de palavras desconexas.)

 
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