domingo, 21 de junho de 2009

Oxalá me aflorassem à mente palavras exímias que, por um momento, me unissem todos os vazios e os deixassem pedecer escondidos, cobertos sob um manto pesado de maravilhas sonhadas. Contudo, minha suprema expressão é aquela que me rola pela pele, que me encharca as mãos, os lábios, a folha de papel... Só para se evaporar com o calor, invisível e indiferente, como se nunca tivesse existido. Oh, pudera eu evaporá-la também da consciência, mas é-me demasiada, duramente real. Não, não me restam palavras cativantes para berrar aos quatro cantos este vazio que enclausuro. Da dor, tudo se desvanescerá num sopro. Nem na minha almofada, agora húmida, molhada, encharcada, ficará a menor nódoa do que me devora e consome. Para mim, porém, não há sal que não me manche, corte e dilacere as entranhas na crua consciência de que chorei, choro e chorarei num canto só meu.

Porque a dor só se revela aos outros quatro cantos quando é cantada com belas palavras floreadas. Nesta folha, por exemplo, faço habitar palavras habilmente compostas e esgueiradas por entre latejantes lágrimas nela estateladas. As palavras, talvez alguém recorde. As lágrimas, só eu não poderei esquecer.

1 Echoes:

Kat disse...

Realmente a escrita é um refúgio e a folha de papel uma confidente. Como eu te entendo...

Qt à dor, é dificil de desaparecer por vezes e as lágrimas dificeis de cessar, mas n ha impossiveis nesta vida!

Thanks pelos cafés e pelas conversas sempre interessantes que temos neles! *

 
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