segunda-feira, 15 de junho de 2009
“Porque será que nos momentos, sim, nos precisos momentos em que teria maior capacidade de sentir todo o requinte daquilo que é sublime e belo acontece-me, quase por destino, não apenas sentir mas fazer coisas tão feias que... bem, resumindo, acções que talvez todos cometamos mas que, quase de propósito, me aconteceram na altura exacta em que tinha perfeita consciência de que não deviam ter sido executadas. (...) Mas a questão principal era que que tudo isto não era, de certo modo, acidental em mim, era como se estivesse destinado a acontecer. Era como se fosse o meu estado mais normal, não sendo de todo doença ou perversão. (...) Mas antes, no início, não imaginam as agonias que passei nessa luta! Não acreditava que acontecia o mesmo às outras pessoas e por isso, durante toda a vida, escondi esse facto sobre mim como um segredo. Sentia vergonha (talvez ainda sinta)... ”
“O desejo básico e malicioso de descarregar essa maldade no seu agressor talvez se faça sentir de forma ainda mais apurada [no homem de consciência] do que no que no homme de la nature et de la verité. (...) Chegamos, por fim, à acção em si, ao próprio acto de vingança. Para além desta malícia fundamental, o azarado rato [o homem de consciência] consegue criar à sua volta tantas outras malícias sob a forma de dúvidas e questões, junta à questão principal tantas outras questões por responder que, inevitavelmente, gera à sua volta uma espécie de fermentação fatal (...) composta pelas suas dúvidas e emoções e pelo desprezo que os homens de acção espontâneos lhe cospem para cima (...).
2 Echoes:
Grande excerto mesmo! Concordo q estar demasiado consciente é uma doença, pois sinto-me assim algumas vezes.
Comecei a ler ontem "O Idiota" do mesmo autor e tou adorar! Grande senhor, digo-te só! Depois hás-de me emprestar esse livro se for possível, que acho que não o tenho aqui em casa, pode ser?
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Felizes o ignorantes... felizes por tantas coisas não os atingirem.
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