terça-feira, 13 de novembro de 2007
Ando. Percorro uma imensidão de jardins regados pelo Sol, jardineiro de milagres dignos de corroer Moisés, tão espectacularmente grandiosos como o desbrochar de uma orquídea, de uma malva, de um amor-perfeito; quiçá de uma mesquinha erva-daninha, sendo que aqui e acolá será em todo o momento imprescindível que o mal desponte por entre o bem e o segundo no seio do primeiro, qual deles o dominante? Compensam-se, fundem-se até, quais corpos fugazes sem fronteiras entre o ser e o não ser, sem limite entre dor e prazer.
- Sendo-se um significará impreterivelmente não ser o outro? – Pergunto-me, enquanto minhas vis e assassinas manápulas cruéis arrancam o mais formoso lírio jamais banhado pelo que tudo ilumina e lhe arranjam novo canteiro, por entre as minhas monocromáticas, mortiças madeixas desmazeladas.
Uma erva-daninha, vilã botânica que havia crescido como companheira de jardim do agora meu doce e delicado lírio, rejubilou vendo o seu trabalho de carrasco medieval ser poupado por meus sanguinários, esquálidos dedos, assistindo em primeira fila ao ardor ultímo da clorofila do lindo lírio levado pela sua beleza à prematura putrefacção, elevando-se não aos canteiros celestes mas ao jardim de meus cabelos.
Penso e sigo caminho, extasiada pela harmonia que o mais esbelto lírio daquele jardim fazia com a minha toillete do presente dia. Oh doce lírio, tu que jazes no cimo da minha pensante cabeça, tu que te decompões nela sem que os pensamentos que dela emanam se te dirijam um única vez, nesta sua batalha interna que, não alargando fronteiras territoriais, certamente define ou suprime as do certo ou errado, as do bem e do mal. Tão nobres filosofias, as minhas, tão insanamente frígidas, as minhas acções, que varreram a existência do que de mais puro e vividamente belo se encontrava ao meu alcance, sem condescendência, sem hesitação alguma.
Não pensei nele, no meu lírio, na vida que lhe roubei de rompante, no que destruí com um toque, no que fiz penar aquele canteiro, aquele jardim, esta Terra, este Universo talvez, tendo em conta que aniquilar o que de mais sublime há neste será sempre uma forma de o empobrecer. Vejo-o agora, seco e sem réstia da texturada cor vibrante de outrora. Não penso nele, sigo caminho preocupada com as vidas ceifadas deste mundo, com a essência dos valores e da moral do Homem.
Penso e não o sei:
- Ceifa apodrecida pertence ao contentor e não ao meu cabelo – comunica-me a minha voz de comum Ser Humano, esquecendo a batalha entre o bem e o mal, enquanto tal for oportuno.
- Se há bem e mal, sou o expoente máximo do primeiro – concluo. Não penso mais e sigo caminho, não olhando uma única vez para a degradada lata de lixo onde foi o outrora lindo lírio languemente largado, tão longe do local iluminado pela luz solar, este seu último lar.
- Sendo-se um significará impreterivelmente não ser o outro? – Pergunto-me, enquanto minhas vis e assassinas manápulas cruéis arrancam o mais formoso lírio jamais banhado pelo que tudo ilumina e lhe arranjam novo canteiro, por entre as minhas monocromáticas, mortiças madeixas desmazeladas.
Uma erva-daninha, vilã botânica que havia crescido como companheira de jardim do agora meu doce e delicado lírio, rejubilou vendo o seu trabalho de carrasco medieval ser poupado por meus sanguinários, esquálidos dedos, assistindo em primeira fila ao ardor ultímo da clorofila do lindo lírio levado pela sua beleza à prematura putrefacção, elevando-se não aos canteiros celestes mas ao jardim de meus cabelos.
Penso e sigo caminho, extasiada pela harmonia que o mais esbelto lírio daquele jardim fazia com a minha toillete do presente dia. Oh doce lírio, tu que jazes no cimo da minha pensante cabeça, tu que te decompões nela sem que os pensamentos que dela emanam se te dirijam um única vez, nesta sua batalha interna que, não alargando fronteiras territoriais, certamente define ou suprime as do certo ou errado, as do bem e do mal. Tão nobres filosofias, as minhas, tão insanamente frígidas, as minhas acções, que varreram a existência do que de mais puro e vividamente belo se encontrava ao meu alcance, sem condescendência, sem hesitação alguma.
Não pensei nele, no meu lírio, na vida que lhe roubei de rompante, no que destruí com um toque, no que fiz penar aquele canteiro, aquele jardim, esta Terra, este Universo talvez, tendo em conta que aniquilar o que de mais sublime há neste será sempre uma forma de o empobrecer. Vejo-o agora, seco e sem réstia da texturada cor vibrante de outrora. Não penso nele, sigo caminho preocupada com as vidas ceifadas deste mundo, com a essência dos valores e da moral do Homem.
Penso e não o sei:
- Ceifa apodrecida pertence ao contentor e não ao meu cabelo – comunica-me a minha voz de comum Ser Humano, esquecendo a batalha entre o bem e o mal, enquanto tal for oportuno.
- Se há bem e mal, sou o expoente máximo do primeiro – concluo. Não penso mais e sigo caminho, não olhando uma única vez para a degradada lata de lixo onde foi o outrora lindo lírio languemente largado, tão longe do local iluminado pela luz solar, este seu último lar.
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