Torre de vigia

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Coloco-me na penumbra da mais estreita ameia, esperando que detenha todas as setas que me possam ferir. Ouço marchar o exército, está para chegar a batalha de hoje. Encolho-me num calafrio, toda eu coberta pela velha e húmida pedra austera. Sons difusos e sombras imaginárias do que está prestes a surgir paralisam-me todos os músculos, mas não cessa um de pulsar insanamente, gritando o medo que eu tanto desejo enclausurar comigo, na minha frígida e solitária muralha.
Vislumbro fugidia o horizonte, adivinhando com temor o perigo que aí vem. Os passos marcam meus compassos:

Tum.

Tum.

Tum-tum.

Apareces (desabam as muralhas…), lanças num olhar a fatal seta (…sou atingida em cheio…) e segues o teu caminho para casa, indiferente ao que desencadeaste em mim (…ou em vazio).

Não há tempo para deixar sangrar. Qual fado de Prometeu, amanhã a batalha repetir-se-á e eu… eu estarei protegida, encolhida na penumbra da minha torre de vigia (estarei?).

3 Echoes:

Alice disse...

Quando as batalhas não nos matam tornam-nos mais fortes mas não é a muralha imponente e robusta que mais protege! A grande muralha que nos abriga é aquela que não se vê, a muralha de que somos feitos e de que são feitos os sonhos.

Anónimo disse...

Subitamente julguei estar a ler um excerto de alguma escritora conceituada, talvez plas suas palavras, talvez até plo seu sentir tão transparente. Sim...para mim é transparente apesar da teia perfeitamente construida pelas frases em volta de um pesar tão sentido.
Desenhas com as palavras, brincas com elas e no fundo, choras lágrimas que não caem plo teu rosto...são armazenadas.
Tens muitos dons. Eu sei, não é assim tão fácil quando nos dizem isso, obriga-nos de certa forma a olhar-mo-nos verdadeiramente de dentro pra fora e, resta-nos batalhar por evidenciar as nossas potencialidades. Todavia, concomitante a essa consciencialização dos nossos valores, emerge tudo o que de nós faz parte. É preciso aprender a viver na própria pele, gerir os próprios medos, enfrentar os próprios erros e continuamente, nunca pararmos de nos conhecer..e..qt melhor nos conhecermos a nós mesmos, melhor a vida se vive. Não é só o amor que trás desgosto..Na realidade, ele apenas atinge tamanha dimensão, porque numa dado momento, num dado lugar, foi um outro coração humano que nos rejeitou.
Tu sabes o que quero dizer..no fundo, tanta burocracia para dizer que gosto de ti, tens de ter força porque..arriscar e lutar para ser feliz, tem um preço elevado. Ainda bem que nem sempre corre bem, para quando chegar a pessoa certa, já termos bagagem suficiente para sabermos lutar por ela.
Bjinhus

Alice disse...

uma ligeira lágrima,
obrígada*

 
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